Lembro, com saudade, daquela companheira de estudos e trabalhos, no grupo religioso que frequentamos por décadas.
Ela se foi, há algum tempo, tendo cumprido sua trajetória de vida, com dignidade.
Era um exemplo ante os percalços que a alcançavam.
Simpática, contava com o carinho e a confiança de todos.
Era comum que quando alguém se sentia perecer, ante as ondas de problemas, a procurasse para conversar.
Ela sempre tinha uma palavra certa para os momentos incertos, e uma linha psicológica surpreendente.
Tinha capacidade de ouvir pacientemente o relato dos desaires e dos problemas alheios.
E com sua voz calma, lembrava de alguma orientação evangélica, de um exemplo de superação.
Quando a questão abordada se repetia algumas vezes, ela tornava o recado mais palpável.
Certa feita, quando vários integrantes do grupo enfrentavam difícil fase de adaptação, ela confeccionou e distribuiu individualmente um cartão onde desenhara uma couraça.
Com letra caprichada escrevera: É hora de usar a couraça certa.
Não houve quem não ficasse curioso ou intrigado com a frase.
Alguns sequer tínhamos ideia do que era uma couraça e fomos ao dicionário para a consulta, descobrindo o significado.
Couraça é uma armadura feita de metal ou couro, usada por soldados, sobre o peito e as costas, para se proteger de golpes inimigos.
Por analogia, podemos pensar em proteção para o lado frágil, vulnerável de uma pessoa.
* * *
E foi em uma epístola do Apóstolo Paulo que encontramos o alerta: Sejamos sóbrios, vestindo-nos da couraça da fé e da caridade e tendo por capacete a esperança.
Fé - armadura que nos auxiliará nos embates, no corpo a corpo das lutas que se nos fazem diárias.
Fé que nos dirá para aguardar o amanhã, porque embora nos sintamos perdendo a batalha, as horas seguintes podem alterar o quadro vigente.
Fé que nos alenta porque sabemos não transitar no mundo, como quem nada tem.
Somos filhos da luz, filhos do dia. E o Senhor de bênçãos tem os olhos sobre nós.
Por sua vez, a couraça da caridade nos dirá para acionar a paciência quando a irritação, diante da ignorância, nos desejar tirar do sério.
Também nos dirá para não sermos tão severos com quem ainda não conquistou a disciplina, os bons costumes, a educação.
E acionarmos a caridade do silêncio frente a alguém que perde o senso e o equilíbrio.
O selo de qualidade da caridade se chama amor.
Para prosseguirmos em nossa caminhada, vencendo a cada passo a dificuldade que se apresente, muitas vezes nos basta a fé convicta e entusiasmada para nos sentirmos fortes.
Mas para convivermos melhor com nosso irmão, compreendendo que, como nós, ele está às voltas com problemas, com dúvidas, com incertezas, é imprescindível a presença da caridade.
Não nos esqueçamos, dessa forma, de usar nossa couraça de fé e caridade, em tudo e por tudo dando graças a Deus.
Nas vinte e quatro horas de um dia podemos ter nuvens escuras e chuva caindo torrencialmente.
Também ventos fortes. Mas, vem o sol e enxuga as lágrimas da natureza.
Lembremos que o mesmo Deus de paz a tudo abençoa. Nós e o mundo.
Redação do Momento Espírita, com base no cap. 98, do
livro Fonte Viva, pelo Espírito Emmanuel, psicografia
de Francisco Cândido Xavier, ed. FEB.
Em 26.11.2022.
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