Depois de quase doze anos de espera, Marta nasceu.
Uma menininha linda, tranquila, bastante esperta desde o primeiro mês de vida, como os adultos gostam de dizer.
A mãe, ainda jovem, lidava com os desafios naturais das primeiras semanas, dos primeiros meses.
Feliz por conseguir amamentar com fartura a pequena Marta, tinha por perto um outro par de olhos muito atentos.
Marcos, o único irmão, com onze anos, acompanhava tudo com atenção e certo olhar de expectativa.
Nesses momentos, tudo se volta para o novo ser. Sua sobrevivência domina os assuntos e energias de toda a família.
Marcos estava mais calado, embora cuidasse da irmã com carinho.
Observava a mãe de longe, como se estivesse estudando os gestos, a situação.
Os pais não deixaram o menino de lado, em momento algum, no entanto, por vezes, nessa fase, algum tipo de insegurança ou manifestação de carência se apresenta, por parte de quem chegou antes.
Aproximava-se o Dia das Mães.
Numa conversa descontraída, o tio de Marcos lhe perguntou: E aí, Marcos? Já fez um cartão para sua mãe, um daqueles desenhos bonitos? Já pensou no presente?
O menino, um pouco cabisbaixo, respondeu com certo pesar:
Sabe, tio, o presente que minha mãe precisa e que eu queria dar, eu não posso comprar.
O tio ficou curioso. Pensou em várias coisas muito caras como uma casa nova, uma viagem, um carro porque as crianças, às vezes, vão longe com seus desejos.
O que ela precisa, Marcos? O que você gostaria de dar para ela?
Tio, sabe aqueles pijamas que têm botões na frente? É isso que eu queria dar. Sabe por quê?
Minha mãe está amamentando minha irmã. Ela mama de duas em duas horas. Toda vez que ela precisa amamentar, vejo que ela precisa tirar a parte de cima da roupa. Lá em casa é muito frio e já vi a mamãe tremendo.
Então, se ela tivesse um desses pijamas, ela poderia apenas abrir alguns botões para amamentar minha irmã. Ela ficaria mais confortável.
O tio se emocionou com tamanha bondade daquele coração de menino. Não soube muito bem o que dizer naquele instante. Ficou calado, pensativo.
Mais tarde, chamou o sobrinho para uma conversa secreta e combinou:
Vamos dar um jeitinho para você conseguir o presente que sua mãe precisa. Vamos juntos comprar. Você irá escolher o que mais combina com ela, tudo bem?
Marcos ficou radiante. Depois daquela proposta, mal podia conter a ansiedade, esperando o dia de escolher o presente.
A mãe ganhou o pijama, no dia das homenagens, mas principalmente, ganhou uma grande prova de amor do filho, dessas que ensinam e tocam todos ao redor.
* * *
Quando Jesus proferiu a conhecida fala Deixai vir a mim as criancinhas, também as tomou como exemplo de pureza e de singeleza de amor.
No Seu ensino, propôs que nos mirássemos na beleza do coração de criança, para construirmos em nossa intimidade um reino de paz inabalável.
O coração de criança tem muito a nos ensinar. Aprendamos.
Redação do Momento Espírita
Em 17.7.2023.
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