31 de jul. de 2024

Credores da nossa compaixão

 

Como é possível alguém tão gentil, prestativo, tomar uma decisão tão terrível?

Como é possível alguém que dedicou sua vida ao próximo, com uma folha impecável de serviço honesto, nobre, decidir partir dessa forma?

Como pode alguém tão preocupado com o meio ambiente, a ponto de sair à rua recolhendo bitucas de cigarro, jogadas ao chão por quem não se importa com a ecologia, definir-se por uma ação drástica?

Como é possível alguém, que plantou centenas de flores, num jardim de amor, optar por levar consigo a amada de tantos anos?

Um jardim onde cada vaso, ao lado do nome científico, trazia anotação do significado da espécie, na linguagem das flores: Lembranças preciosas, Amor puro, Amor imutável, Boas notícias, Consideração no amor, Eu te amo!

Como pode alguém que orientava os jovens para que não fumassem, a fim de não terem encurtadas as suas vidas, decidir acabar com a sua própria?

Essas eram as questões que aquele rapaz se fazia, ao encontrar dois corpos, um ao lado do outro, no apartamento silencioso.

Ao lado do corpo do marido, um bilhete: Estamos deixando este mundo juntos. Pedimos desculpas aos que vierem tudo limpar.

Revolta surda o envolveu. Para os amigos que decidiram preparar um funeral com muitas honras, disse que aquele homem não merecia.

Ele desistira da sua vida e ainda levara consigo a esposa que dizia amar. Como pode alguém optar pela morte quando se diz cheio de amor?

Foi pesquisando os últimos acontecimentos que o jovem constatou o porquê da dor que conduzira um homem de mais de sessenta anos a esses atos: a esposa estava doente há muito tempo e se dizia cansada; ele fora demitido e recebera diagnóstico de câncer, em estágio avançado.

Mas, o mais terrível de tudo é que em nenhuma anotação, ele pudera perceber que aquele homem tivesse fé em um Ser Superior.

Um Ser, que criou a todos, que vela por todos.

Desconhecia que existe uma justiça apresentada ao mundo por um Mestre Galileu, há milênios: A cada um segundo as suas obras.

Assim, se o que nos alcança hoje não tem origens no presente, deve-se a reajustes para com a lei divina, decorrentes de outras existências.

Para aquele homem, tão cheio de gentilezas, faltava exatamente isso: a crença em um Deus, justo e bom.

Faltava dignificar cada um dos seus dias com o diálogo sincero de um filho com o Pai, a fim de poder lhe sentir a resposta generosa: Você não está sozinho.

Prossiga lutando. Tudo passa.

*   *   *

Como faz falta Deus nas almas! Nestes dias de incertezas e inquietudes, imprescindível a certeza de uma vida além da morte, de leis justas que regem o Universo e nossas vidas.

Que, depois da morte, prosseguimos a viver e que, os que destruímos o precioso vaso físico, não seremos felizes.

Ao contrário, dores mais acerbas dos que as que nos atormentam por cá, nos aguardam.

Para esses seres, que desistem da luta, envolvidos em dores que pretendem amenizar, sejam nossas preces.

São nossos irmãos, credores da nossa compaixão, de nossas rogativas junto a Doce Mãe de Jesus.

Lembremos disso, hoje, amanhã, todos os dias.

Redação do Momento Espírita, com base na
 série televisiva coreana 
A Caminho do Céu.
Em 15.11.2022.





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