16 de ago. de 2024

A cruz e a dignidade

 

Em uma passagem evangélica, Jesus disse que quem quisesse ir após ele, deveria tomar sua cruz, renunciar a si mesmo e segui-lO.

Esse convite sinaliza que o processo de sublimação do próprio ser é trabalhoso.

A conquista da dignidade espiritual pressupõe o abandono de antigos vícios e a conquista de variadas virtudes.

Também implica a quitação de velhas contas, oriundas de crimes cometidos contra as leis cósmicas.

O Espírito em evolução precisa aprender a renunciar a seus hábitos tristes e a suas concepções equivocadas de vida, para se tornar puro e fraterno.

A vida lhe propicia todas as condições para que se erga rumo ao seu destino glorioso.

As penosas injunções da existência material são uma bênção.

No lento processo de vivenciar e se desiludir das coisas do mundo, a alma passa a prestar atenção no que realmente importa.

Compreende que a aparência física é muito transitória.

Que o dinheiro muda rapidamente de mãos.

Que a saúde oscila e se fragiliza com o passar dos anos.

Que os amores mais caros vão para longe ou desencarnam.

Lentamente, ela compreende a transitoriedade de tudo o que a rodeia.

E entende que o primordial reside em seu íntimo.

Que a paz da consciência, fruto de um viver digno, é o que de bom a acompanhará para sempre.

Esse processo é lento e doloroso.

Ele representa a cruz a ser levada.

Ocorre que, em um mundo amplamente materializado como a Terra, todos sofrem.

Não há ninguém que deixe de adoecer ou de morrer.

Todos passam pela experiência da desencarnação de seres amados.

Certamente não está a seguir o Cristo quem se revolta por tudo e por nada.

Conclui-se que não basta levar a própria cruz.

É preciso levá-la com dignidade, talvez até com alguma elegância.

Há quem espalhe pelo mundo o rancor por suas dores.

Com suas reclamações, inferniza a vida dos outros.

Acha que todos têm o dever de ajudá-lo e exige que o façam.

Porque enfrenta dificuldades, trata mal o semelhante.

Justifica seu comportamento infeliz com as dores que vivencia.

Entretanto, todos sofrem, em maior ou menor grau.

Apenas alguns o fazem com mais elegância.

Têm o cuidado de não infelicitar o próximo e praticam a caridade da paz.

Entendem que a cruz é deles, não da coletividade.

Quando necessário e possível, buscam e aceitam auxílio.

Mas sem imposições, reclamações ou rebeldia.

Assim, reflita que as injunções penosas de sua vida têm um propósito superior.

Elas se destinam a promover sua pacificação interior e efetivamente o fazem, se bem suportadas.

Mas de pouco adiantarão se você se desequilibrar e se tornar causa de angústia na vida do semelhante.

Para que a experiência seja válida, é preciso vivê-la com dignidade.

Redação do Momento Espírita.
Em 29.11.2016.





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