
1. Infância / Juventude (parte IV)
„Meus anos escolares até o ginásio eu passei no Tessin (parte de língua italiana da Suíça), isto é, nas cidades de Ascona e Bellizona. Durante as minhas férias escolares eu gostava muito de ajudar pessoas idosas ou deficientes e encontrava muitas oportunidades para isso. É logico que eu fazia tudo de graça. Dar ajuda e amor aos necessitados era paga suficiente para mim. Foi nesta época que eu comecei a querer ser enfermeira.“
Rita, que até agora tinha ficado calada, suspirou: ”Quem é que faz isso hoje em dia ? Cada um só cuida de si mesmo. As pessoas correm pela vida como se fossem um trem rápido. Elas não têm tempo para nós. As nossas próprias famílias nos abandonam nos asilos e lares, e nós temos que dar graças a Deus de receber uma visita de vez enquando.“
Anna explicou para Raquel: ”A Rita está somente a um ano aqui com a gente. A vida toda, ela se sacrificou pela família dela. Quando o marido faleceu, um dos filhos ficou com a casa e a mandou para cá. Visitas, ela tem muito raramente. A sua nova família somos nós.“
Raquel fez que sim: ” Quem não conhece histórias assim? Mas voltando ao as-sunto: Depois de completar meus estudos, eu trabalhei um bom período em diversos hospitais, como arrumadeira. Eu queria descobrir onde eu gostaria mais de fazer o meu aprendizado. Durante minhas férias, eu cuidava da saúde de 300 crianças pobres de Paris. Elas estavam em uma colônia de férias na cidadezinha de Genolier, acima de Nyon. Eu fazia este trabalho gratuitamente. As vezes, minha irmã Eva se revezava comigo.
Já no meu tempo de aprendizado eu era infatigável. Nas minhas pausas eu quase sempre ajudava os outros pacientes: comprava algumas coisas importantes para eles, fazia telefonemas por eles ou levava cartas ao correio.
Nos feriados durante o ano, eu me ocupava dos pacientes acamados. Por exemplo, eu pintava pratos de vidro, eu escrevia cartões de boas melhoras, de aniversário, de boas páscoas, feliz natal e bom ano novo. Estas pequenas lembranças eu colocava, junto com a xícara de café da manhã, no criado mudo deles. Eles ficavam muito felizes com estas coisinhas que não me custavam muito”.
Graziella confirmou isto: ”Você tem razão, como eu gostaria de receber presentinhos assim. Eu me sinto como uma morta viva. Pela sua idade eu imagino que naquela época era a Segunda Guerra Mundial. Como foi que você conseguiu sobreviver lá?”
”Durante a guerra eu trabalhava frequentemente no Hospital do Cantão de Genebra. A afluência de mutilados de guerra era tão grande que nós tínhamos que por os pacientes comuns até debaixo do telhado. Os soldados tinham a preferência. O trabalho era muito duro. Quando as sirenes soavam, o pessoal tinha que levar imediatamente os pacientes com suas camas para o abrigo. A minha função era a defesa antiaérea. Junto com alguns colegas, eu tinha que ir ao sotão e colocar sacos de areia para proteger a armação do telhado contra um eventual fogo. Como durante o alarme era proibido acender qualquer luz, nós tinhamos que trabalhar no escuro. Só havia uma mínima lâmpada azul no recinto. Assim, esse trabalho durava mais de uma hora. Só quando a sirene tocava uma segunda vez é que o perigo havia passado.
Muitas vezes as enfermeiras se queixavam de cansaço. Eu inventei um jeito de o fazer esquecer: no jantar serviam uma linguiça de fígado e eu tirava uma a mais. De noite o enfermeiro, como de hábito, saía para ir à cidade tomar umas e outras. Eu ia na ponta do pé ao quarto dele e punha a tal linguiça debaixo do lençol. Por causa daquela pequena lâmpada azul, nínguem percebia nada.
Depois eu buscava sabão em pasta na lavanderia e o passava na maçaneta externa da porta da sala das enfermeiras. Algumas colegas me ajudavam nisso. Rapidinho nós voltávamos para os nossos quartos e esperavamos a reação.
Nós ríamos a bessa ! Assim todos esqueciam o cansaço, pois rir faz bem.“
As ouvintes do lar de velhinhos de Brissago riram também.
Rita, que até agora tinha ficado calada, suspirou: ”Quem é que faz isso hoje em dia ? Cada um só cuida de si mesmo. As pessoas correm pela vida como se fossem um trem rápido. Elas não têm tempo para nós. As nossas próprias famílias nos abandonam nos asilos e lares, e nós temos que dar graças a Deus de receber uma visita de vez enquando.“
Anna explicou para Raquel: ”A Rita está somente a um ano aqui com a gente. A vida toda, ela se sacrificou pela família dela. Quando o marido faleceu, um dos filhos ficou com a casa e a mandou para cá. Visitas, ela tem muito raramente. A sua nova família somos nós.“
Raquel fez que sim: ” Quem não conhece histórias assim? Mas voltando ao as-sunto: Depois de completar meus estudos, eu trabalhei um bom período em diversos hospitais, como arrumadeira. Eu queria descobrir onde eu gostaria mais de fazer o meu aprendizado. Durante minhas férias, eu cuidava da saúde de 300 crianças pobres de Paris. Elas estavam em uma colônia de férias na cidadezinha de Genolier, acima de Nyon. Eu fazia este trabalho gratuitamente. As vezes, minha irmã Eva se revezava comigo.
Já no meu tempo de aprendizado eu era infatigável. Nas minhas pausas eu quase sempre ajudava os outros pacientes: comprava algumas coisas importantes para eles, fazia telefonemas por eles ou levava cartas ao correio.
Nos feriados durante o ano, eu me ocupava dos pacientes acamados. Por exemplo, eu pintava pratos de vidro, eu escrevia cartões de boas melhoras, de aniversário, de boas páscoas, feliz natal e bom ano novo. Estas pequenas lembranças eu colocava, junto com a xícara de café da manhã, no criado mudo deles. Eles ficavam muito felizes com estas coisinhas que não me custavam muito”.
Graziella confirmou isto: ”Você tem razão, como eu gostaria de receber presentinhos assim. Eu me sinto como uma morta viva. Pela sua idade eu imagino que naquela época era a Segunda Guerra Mundial. Como foi que você conseguiu sobreviver lá?”
”Durante a guerra eu trabalhava frequentemente no Hospital do Cantão de Genebra. A afluência de mutilados de guerra era tão grande que nós tínhamos que por os pacientes comuns até debaixo do telhado. Os soldados tinham a preferência. O trabalho era muito duro. Quando as sirenes soavam, o pessoal tinha que levar imediatamente os pacientes com suas camas para o abrigo. A minha função era a defesa antiaérea. Junto com alguns colegas, eu tinha que ir ao sotão e colocar sacos de areia para proteger a armação do telhado contra um eventual fogo. Como durante o alarme era proibido acender qualquer luz, nós tinhamos que trabalhar no escuro. Só havia uma mínima lâmpada azul no recinto. Assim, esse trabalho durava mais de uma hora. Só quando a sirene tocava uma segunda vez é que o perigo havia passado.
Muitas vezes as enfermeiras se queixavam de cansaço. Eu inventei um jeito de o fazer esquecer: no jantar serviam uma linguiça de fígado e eu tirava uma a mais. De noite o enfermeiro, como de hábito, saía para ir à cidade tomar umas e outras. Eu ia na ponta do pé ao quarto dele e punha a tal linguiça debaixo do lençol. Por causa daquela pequena lâmpada azul, nínguem percebia nada.
Depois eu buscava sabão em pasta na lavanderia e o passava na maçaneta externa da porta da sala das enfermeiras. Algumas colegas me ajudavam nisso. Rapidinho nós voltávamos para os nossos quartos e esperavamos a reação.
Nós ríamos a bessa ! Assim todos esqueciam o cansaço, pois rir faz bem.“
As ouvintes do lar de velhinhos de Brissago riram também.
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