5 de jul. de 2009

Livro: O ANJO DE MATO GROSSO (Hans Haller)


2. Primeira Viagem ao Brasil (parte III)


Eu respondi que voltaria para a Suiça para me aperfeiçoar. Nos meses que se passaram, eu fiquei conhecendo meus limites, deficiências e carências, e gostaria de eliminá-los.

Eu conversei também com o médico-chefe sobre os meus planos. Como eu prometi voltar ao Brasil, ele não ficou tão desapontado. Ele tinha certeza de que, na minha volta, eu iria encontrar melhores condições . Eu me despedi, dizendo convincente: Até a volta ! Me despedi também do meu irmão, que foi um grande apoio neste tempo todo”.

Rosa perguntou: ”Como é que você conseguia se comunicar ? Você sabia falar a língua ?”

”Eu fui para o Brasil sem ter conhecimentos de português. Da mesma maneira como eu associava a palavra calor com o horrível calor, eu fiz com as outras expressões. As coisas e como eram chamadas, funções e palavras correspondentes, eu gravava e dentro de pouco tempo eu conseguia me comunicar. Às vezes, usando as mãos e os pés”.

As ouvintes riram, e Rita acrescentou: ”Você deve ter tido vantagem, por saber falar diversas linguas, não é? Além do alemão e italiano, você ainda sabia o francês. Eu acho que o português é bem parecido com o italiano.“

”É verdade. Falar várias línguas nos dá facilidade de aprender outras.

Mas quanto à viagem, meu dinheiro só deu para a passagem de volta. Antes de me aperfeiçoar, eu tive que conseguir verba para isso. Em Genebra, eu fiz um traba-lho quase que sobre-humano para conseguir juntar alguns mil francos. Durante o dia eu trabalhava como enfermeira particular e de noite eu era enfermeira vigília de um hospital. Para mim tudo era natural ao ponto de não sentir a sobrecarga. Eu me comparava aos soldados nas manobras, onde eles conseguem fazer esforços que não dariam conta na vida civil.

Mas mesmo uma mulher como eu, não pode viver acima de suas forças, por muito tempo. Às vezes, me acometia um cansaço intenso. Eu usava vários truques para contornar a situação. Por exemplo, quando eu andava pelos corredores do hospital eu fechava os olhos para descansá-los um pouco. Nos raros momentos livres, eu deitava num colchão duro.

Eu consegui aguentar os seis meses e por 2000 francos eu pude me inscrever na Escola de Parteiras de St.Gallen. Nesta quantia estava incluída a maleta de parteira com os instrumentos. Além disso, ainda sobrou alguma coisa para outros propósitos. Antes de começar o curso, eu visitei por alguns dias a minha irmã Rebecca. Lá, eu dormi o tempo todo como se tivesse desmaiada. É, eu não era uma criatura sobrenatural....

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