Por que ainda damos tanto valor às aparências?
Por que nos encantamos com o exterior, com aquilo que está na superfície, com aquilo que se apresenta tão raso?
A aparência nos ilude a ponto de nos induzir a julgamentos imediatos, de nos convidar a sonhos e divagações elaboradas.
Queria ter aquela vida... Queria ser bonito assim... Queria ter aquela voz, trabalhar naquilo que amo, como meu ídolo.
Que vida perfeita! Como são felizes! Que linda família! A minha é tão diferente!
Se eu tivesse essa vocação, esse talento, como aquele artista, certamente eu seria mais feliz!
Mas, para mim, tudo é tão difícil.
Ouvindo essas exclamações, essas afirmações, logo percebemos como são absurdas. Beiram a insanidade.
No entanto, mais de uma vez, nós mesmos dizemos essas coisas.
A verdade é que se passaram milênios e ainda temos nos perdido na contemplação excessiva do mero exterior, deixando de lado a essência, o que é mais importante para nossas vidas.
Olhando de maneira superficial, vemos aquele que passa, exibindo sua pesada bagagem de ouro. O que não vemos é que, quase sempre, transporta um coração atormentado e infeliz.
Se observarmos um pouco abaixo da superfície, descobriremos como sofrem pessoas que têm tudo o que o dinheiro pode comprar.
Podem satisfazer todos os seus sonhos, sem se preocupar com valores. Tudo lhes é acessível.
Contudo, são atormentadas por distúrbios psicológicos, insegurança, depressão, fobias, questões difíceis com familiares. Tudo lá, debaixo da superfície brilhante.
Não raro, o jovem que provoca inveja de muitos, exibindo-se nas redes, se encaminha para destino doloroso. Necessita de ajuda e de nossas preces.
As aparências nos fazem julgar o rico por impiedoso e o pobre por humilde. Não conhecemos a história de cada um para os reduzir a tais expressões.
E os que têm a beleza do corpo, aquela tão sonhada... Lembremos que ela é efêmera. Ela não dura. Ela é do corpo, da veste, e não da alma.
Nosso trabalho aqui na Terra é embelezar o Espírito, é enriquecê-lo de todas as formas, desde as áreas do conhecimento até as formas do amor.
Dizendo com todas as letras: não nos encontramos estagiando na Terra para cuidar da beleza externa. Nosso objetivo é sermos mais belos em nossa intimidade para trazermos beleza ao mundo.
Naturalmente, cabe-nos cuidar do corpo, nosso instrumento de trabalho.
Mas os excessos nessa área nos têm feito esquecer todas as outras, o que nos conduz à decepção, quando descobrimos que de nada adiantou.
Natural que as aparências nos impressionem. Normalmente, são as primeiras visualizações das coisas e das pessoas que nos marcam, nos afetam.
O alerta é para que não fiquemos na superfície. Não nos deixemos seduzir pelas conversas fáceis, pelas conquistas sem esforço. São ilusões.
O apóstolo Pedro registrou em sua primeira epístola: A beleza não deve estar nos enfeites exteriores, nos cabelos trançados, nas joias de ouro ou roupas finas.
Ao contrário, deve ser algo interior, imperecível, demonstrada em um Espírito dócil e tranquilo, que é valioso diante de Deus.
Pensemos nisso.
Redação do Momento Espírita, com citação
da I Epístola de Pedro, cap. 3, vers. 3 e 4.
Em 25.4.2025
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