As crianças possuem o dom especial de colocar cores em tudo que fazem. Não é raro que elas perguntem aos adultos de que cor são as palavras papai, mamãe.
E se os adultos não sabemos responder, elas acabam por fazê-lo, concedendo a cor de sua preferência a uma e outra.
E de que cor serão os sentimentos? Quando amamos, quando entristecemos, de que cor se revestirá a nossa alma?
É possível que se a palavra tivesse cores, o amor teria a tonalidade do crepúsculo, quando o rosa e o violeta se misturam.
Talvez a tonalidade variasse mais para o rosa ou mais para o violeta, de acordo com a intensidade do amor.
Se as palavras sofressem o impacto do colorido da vida, poderíamos perceber, no olhar de uma mãe sofrida, a simplicidade da cor da violeta que se oculta nos jardins.
Se as palavras pudessem estar envolvidas em cores, poderíamos ver, sob o manto azul da fantasia, o sorriso da excelsa mãe de Jesus debruçada na manjedoura, observando o tesouro que acabara de dar à luz.
Se as dores profundas das ingratidões, nos corações dos homens, se envolvessem em cores, poderíamos ver cobertas de cinza as palavras de amargura lançadas ao infinito.
Se coloridas fossem as lágrimas que escorrem pela face dos que sentem a saudade dos que partiram para a verdadeira vida, poderíamos vê-las como lilás, exatamente como, por vezes, se veste o céu ao cair da tarde.
E o beijo do primeiro amor sincero e verdadeiro, suave e doce na adolescência, seria, com certeza, verde-água.
Se o pintor desejasse retratar o sentimento do balbuciar de uma criança, certamente rosa seria a cor que escolheria.
E o sentir de duas almas que se reencontram, nas vielas do mundo, se reconhecem e entrelaçando as mãos, decidem ficar juntas para todos os embates do cotidiano, seria tão grande, tão especial que retrataria um bailado de diversas cores.
Mas, quando ardessem de paixão os corações de um homem e uma mulher, os seus anseios se cobririam da cor vermelha. Da mesma cor das pétalas das rosas do jardim.
Se dos lábios de quem ensina jorrasse sempre o bem e a verdade, o belo e o bom, seria de amarelo-ouro a luz que iluminaria o discípulo atento e disciplinado.
E quando o homem se recolhesse à sua intimidade para orar ao Criador, é possível que na cor azul mais pura se traduzisse a sua mensagem, atravessando os céus, até alcançar o seu destino.
Finalmente, se os corações dos homens se envolvessem de paz, certamente que o nosso planeta não seria azul. Estaria, sim, envolvido em uma imensa nuvem de brancura, e a Humanidade inteira se beneficiaria com as partículas de luzes que a atingiriam, todos os dias, com delicadeza e constância.
* * *
Quando falarmos, pensemos nas cores das nossas palavras. Como cada um de nós tem a sua preferência pelas cores mais vivas ou mais delicadas, mais fortes ou empalidecidas, pensemos no colorido que desejamos ofertar ao mundo.
Pensemos antes de falar. Falemos somente o que edifica, o que faz bem, o que engrandece.
Iluminemos a palavra para expressar a crítica. Ensinemos com brandura. Não gritemos nunca. O grito, que fere os ouvidos, deve ter a cor da destruição dos sentimentos alheios.
Falemos, construindo, e ofereçamos aos demais as cores que edificarão arco-íris nas suas vidas.
Redação do Momento Espírita, com base no artigo A
cromática sutileza da palavra, de Leda Jesuíno, da revista Presença
Espírita, de nov/dez/2001, ed. LEAL.
Em 10.1.2014.
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