.jpg)
3. A Enfermeira da Missão (Parte V)
As refeições dos missionários eram feijão, arroz com carne seca ou ovos. Existia também uma reserva de latarias. Mais tarde, quando eu fiquei só, eu mesma cozinhava os legumes (também abóbora) e preparava as saladas com os produtos da minha horta. Com as frutas, eu também fazia geléias. É lógico que, também para mim, a mandioca era um dos alimentos principais. Apesar da enorme carga ocasionada pelo meu trabalho, eu me esforçava sempre em comer alimentos nutritivos, mesmo quando eu tinha que esperar até tarde da noite para isso. Como todo motor, a gente também precisa de combustível, de acordo com as necessidades de cada um. Isto, nós esclarecidos, sabemos! E é nossa culpa quando, por comodismo ou preguiça, não fazemos o necessário. Os primitivos não sabiam nada a respeito. Só conheciam a sede e a fome e chegavam à velhice, enchendo a barriga com terra, feito criança, como eu muitas vezes presenciei. Estas pessoas só sabiam dizer, mais tarde, que a terra não era gostosa de comer e que era ruim quando ficava entre os dentes. Mesmo os adultos tentavam amainar sua fome comendo terra.
Após oito anos, os americanos com seus cinco filhos foram embora. A organização deles os transferiu para São Paulo. Até seus sucessores chegarem, eu fiquei sozinha na missão. Depois, eu tive que abandonar a minha casinha de barro. Os novos administradores precisaram dela para outros fins. Além disso, eles não queriam ver mais pacientes lá. Como seus antecessores, eles tinham filhos, mas ao contrário dos outros, eles tinham medo que os pequenos pegassem as doenças. De todo modo, eu percebi que eles tinham um pavor das doenças tropicais. Eu pensei com meus botões: cada um deve saber como quer servir a Deus.”
Ela tomou o último gole do café, que por sinal já estava frio.
Após a minha volta da Suíça Alemã, eu vou contar para vocês sobre a criação da minha própria obra de assistência, se é que vocês ainda estão interessadas em ouvir as minhas histórias.”
As velhinhas acenaram com a cabeça e disseram em coro: ”Sim, nós gostaríamos muito ”.
Anna Pedroni perguntou: ”Você já sabe quanto tempo vai ter que ficar lá ?”
”Não, eu não tenho nem idéia. Mas pode ser que eu só tenha alta daqui a duas ou três semanas”.
Todas desejaram que tudo corresse bem e que ela sarasse logo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário